Muitos devem conhecer a Itália como aquele país que parece uma bota. E eu não vou negar, realmente parece uma bota.
O que muitos não sabem é que existem outras milhares de coisas que se pode associar à Itália. Por exemplo a pizza. Quem não gosta de uma boa pizza, bastante molho de tomate, queijo – ou 4 queijos –, cogumelos, umas azeitonas e umas fatias de tomate.
Os italianos. Eles não gostam. Eles gostam SIM de pizza. Mas, entenda, cada pizza tem uma regrinha. Se for uma de 4 queijos, não tem molho de tomate. Se for uma de cogumelos, vai um pouquinho de molho de tomate, queijo e SÓ cogumelos. Nada mais. Somos nós brasileiros que adoramos dar uma inventada.
Acho que a pizza mais extravagante que eu já vi – e comi porque eu queria experimentar – foi uma de batata frita. Era literalmente a massa, molho de tomate, queijo e batata frita em cima.
Estou vivendo aqui na Itália há seis meses e, se posso dizer uma coisa com certeza, é que ainda não me acostumei com as tradições. Claro, com o tempo eu vou entendendo melhor. Mas eu gostaria que alguém me explicasse o porquê de cada tipo de macarrão ter que ser feito de um jeito específico. “Ah, Andressa, mas não devem ter tantos tipos de macarrão assim. Por isso eles fazem cada um de um jeito.”
Então, deixa eu te dizer uma coisa…. eu também pensava igual, até ir no mercado e ver que tem DUAS seções INTEIRAS só pra macarrões. De fato existem as variações entre os integrais, sem glúten, comuns, marcas diversas, etc. Mas ainda assim são dois corredores cheios de pacotes de massa que nem você e eu poderíamos imaginar. O bom é que é barato. Tranquilamente é possível comprar 500g por menos de 1 euro. De uma marca boa, tá meninxs?
Mas chega de falar de comida. Ou não, porque comer é muito bom. Sabe o que também é muito bom aqui? Os gelatos, conhecidos como sorvetes. É incrível como em cada lugar, o mesmo sabor de sorvete é diferente. Se eu chegar numa pasticceria, que dá pra ser chamada de doceria, e pedir um gelato de morango e no doa seguinte for em outra pasticceria e pedir o mesmo sabor, vai ter diferença. Não, eu não sei explicar. Sim, eu adoro. Mas isso é assunto pra um outro post.
O que eu acho engraçado aqui são os nomes. Andrea, Michele, Rafaelle, Gabrielle. E aí você se pergunta “o que tem de engraçado nesses nomes femininos?” E adivinhe só: aqui na Itália, todos esses nomes são MASCULINOS. Se você, mulher, tiver um desses nomes, os italianos vão te olhar com uma cara muito curiosa. Se o meu nome que é Andressa eles já ficam confusos… o diálogo que quase sempre acontece é o seguinte:
– Como se fala o seu nome?
– Andressa.
– Andress?
– AndressA.
– Andretta?
– AndreSSa.
– Posso de chamar de Andri? É menor.
Eles realmente têm muita dificuldade em falar meu nome. Mas isso não é um problema. A Itália tem tantas muitas coisas boas. Aqui é tudo muito arborizado – Leonardo DiCaprio adoraria colocar fogo se ele visse. Todos os lugares têm muitas árvores. Todas as casas têm um jardim bem cuidado. Se você passar por um lugar que a grama não esteja aparada, as flores não estejam tomando sol ou as árvores estejam parecendo que não são cortadas há décadas, com certeza ninguém mora ali. A Mãe Natureza fica orgulhosa desses pupilos italianos. E eu também fico.
Outra coisa incrível é que os cachorros podem andar tranquilamente ao seu lado, seja no shopping, numa praça, no salão ds beleza, no seu restaurante favorito. Claro, NÃO SÃO todos os lugares que aceitam a presença dessas coisinhas fofas e peludas, mas eu diria que 90% é pet friendly.
Além disso tem a sensação de segurança. Moro num morro que não tem muita iluminação. Às vezes, voltando do voluntariado que faço na cidade vizinha, chego pela noite. Brasileira como sou, sempre fico de olho porque o dia a dia no Brasil me fez cautelosa. Mas nunca, de todo este tempo que estou aqui, vi qualquer atividade suspeita. E eu subo o morro a pé – se eu não ficar com as pernas torneadas de tanto que eu subo esse morro vou desacreditar de qualquer coisa.
Pra finalizar essa longuíssima história que começou com a Itália parecendo uma bota, falo dos idosos. Sim, tem muitos deles. MUITOS. E eles adoram conversar. Aleatoriamente eles te param pra bater um papinho. Um belo dia eu caminhando no parque e fui mexer com um cachorro que estava com um senhor – não, eu não sei me controlar quando vejo bichinhos. Na época eu ainda não falava tanto italiano, porém já entendia bem, e o homem começou a perguntar se eu gosto mais do verão ou do outono. Respondi outono e ele engatou um papo ENORME sobre como o parque fica bom no verão. Eu só sabia sorrir e concordar.
Teve a vez também que eu estava saindo do voluntariado e um senhor notou minha mecha de cabelo azul – porque azul é a cor mais quente – e começou a falar sobre a frequência das cores. Juro, foi a conversa mais aleatória até hoje.
Eu sei, vocês já devem estar cansados de ler tudo isso, e se você chegou até aqui, tenho que te dar os parabéns, guerreirx. Já dizia o final de alguns desenhos animados do Cartoon Network: that’s all folks!
Nos vemos na próxima loucura que eu decidir compartilhar.