Florbela Espanca não é muito conhecida – nem pelo nome e nem pelos trabalhos. Entretanto, a escritora e poetisa portuguesa teve uma importância muito grande para a época em que viveu.

Nascida no final do século 19 (1894), sua vida foi breve (1930) porém cheia de significado. Neste tempo, o mundo era extremamente machista – ainda é hoje, nós sabemos – e apenas os homens tinham voz. Somente as palavras que saíam da boca dos homens eram válidas.

Mas a jovem fez com que fosse ouvida – ou, nesse caso, lida. Ela era conhecida como a poetisa do soneto (aquela forma escrita com 14 versos, divididos em 4 estrofes). Nos seus temas recorrentes, tratava do ‘eu’, falava sobre a morte, a solidão, o amor, a saudade e até mesmo o erotismo, considerado um tabu muito grande para ser abordado por mulheres.

Na sociedade portuguesa, foi uma das primeiras a frequentar o curso secundário Liceu Masculino André de Gouveia, em Évora. Posteriormente, Florbela foi a primeira mulher a entrar no curso de Direito da Universidade de Lisboa, e também formou-se também em Letras – e ainda dizem que nós somos sexo frágil.

A palavra ‘feminismo’ foi inventada em 1837 por – pasmem – um homem, mas não era utilizada tão amplamente como é hoje. A poetisa não levantava tal bandeira, mas era considerada uma mulher à frente de seu tempo.

Ela representou a emancipação literária das mulheres e essa independência que transpassava também podia ser vista em sua vida pessoal, levando em consideração que foi casada três vezes – incomum, não é?

Por último, mas não menos importante, o lema de Florbela Espanca era: viver intensamente. Tais palavras podem ser ligadas ao carpe diem, que em tradução livre significa “aproveite o dia”.

Ó Mulher! Como és fraca e como és forte!
Como sabes ser doce e desgraçada!
Como sabes fingir quando em teu peito
A tua alma se estorce amargurada!

Quantas morrem saudosa duma imagem.
Adorada que amaram doidamente!
Quantas e quatas almas endoidecem
Enquanto a boca rir alegremente!

Quanta paixão e amor às vezes têm
Sem nunca o confessarem a ninguém
Doce alma de dor e sofrimento!

Paixão que faria a felicidade.
Dum rei; amor de sonho e de saudade,
Que se esvai e que foge num lamento!

(Florbela Espanca – A mulher)

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