“Desde que me lembro por gente, sofri de um profundo sentimento de ansiedade que tentei expressar em minha arte.”

Edvard Munch: se você não o conhece de nome, certamente o conhece por tela e pela obra O Grito.

Pintor expressionista, Munch desempenhou um grande papel no expressionismo alemão e na forma da arte que mais tarde se seguiu – tudo devido a forte angústia mental que foi retratada em muitas das peças que criou.

Sua arte, sua história

Edvard nasceu em 1863, e cinco anos depois sua mãe morreu de tuberculose. Foi criado em Christiania (hoje, Oslo) pelo pai, que sofria de doença mental, o que desempenhou um forte papel na forma de como ele e seus irmãos cresceram. Os medos e problemas profundos do pai acompanharam todos na família, o que explica o motivo de o trabalho de Edvard Munch ter tomado um tom mais intenso. O pintor também era conhecido por ter muitas emoções reprimidas.

A maioria das obras que Edvard criou eram referidas como simbolismo. Isso se deve principalmente ao fato das pinturas feitas por ele focalizarem a visão interna dos objetos em oposição ao exterior, e ao que os olhos podiam ver.

“Separação”, 1896

Os pintores simbolistas acreditavam que a arte deveria refletir uma emoção ou ideia, em vez de representar o mundo natural de maneira objetiva e quase científica incorporada pelo Realismo e pelo Impressionismo.

Na pintura, o simbolismo representa uma síntese da forma e do sentimento, da realidade e da subjetividade interna do artista. Muitas das obras de Munch retratam cenas de vida e morte, amor e terror, e o sentimento de solidão costumava ser um anseio que os espectadores notavam em seus padrões de trabalho.

Essas emoções eram representadas pelas linhas contrastantes, pelas cores mais escuras, pelos blocos de cor, pelos tons sombrios e por uma forma concisa e exagerada que mostrava o lado mais sombrio da arte que ele estava criando.

Edvard é comparado com Van Gogh, que foi um dos primeiros artistas a pintar o que o artista francês chamou de “os misteriosos centros da mente”. Porém, a influência mais exacerbada foi Sigmund Freud, um contemporâneo próximo. Freud explicou muito do comportamento humano relacionando-o a experiências da infância. Munch viu sua mãe morrer de tuberculose quando ele tinha 5 anos, enquanto sua irmã Sophie morreu da mesma doença quando ele havia completado 14.

“Sem ansiedade, eu teria sido um navio sem leme.”

“O Grito” 1893

Gritos da mente de Edvard Munch

“O Grito”, sua obra mais famosa, simboliza o sentimento de angústia do ser humano. Segundo análise realizada pelo site Cultura Genial, “essa é uma das pinturas mais populares de todos os tempos e é uma obra que revela várias características de Munch: a força expressiva das linhas, a redução das formas e o valor simbólico da cor”.

Também eram transmitidas várias emoções humanas nas suas pinturas, visíveis na expressividade forte dos rostos representados. Tais sentimentos e conflitos psicológicos eram frequentemente abordados pelo artista, o que o levou a ser considerado um precursor do Expressionismo alemão, como comentado alguns parágrafos atrás.

“Nessa pintura, é possível ver três pessoas: uma em destaque com uma expressão de angústia e duas mais longe, no fundo de uma ponte. É possível ver o céu pintado com cores quentes e um lago. Esta obra de arte revela alguém em desespero e se enquadra com o sentimento do artista, que durante a sua vida enfrentou vários problemas psicológicos e vários conflitos familiares. As formas distorcidas e a expressão do personagem revelam a dor e as dificuldades que a vida pode apresentar, causando um grito como forma de expressão desse sentimento.”

Uma entrada no diário de Munch na data de 22 de Janeiro de 1892 conta o episódio em que o artista estava passeando em Oslo com dois amigos e, ao passar por uma ponte, sentiu grande melancolia e ansiedade.

Seu fim não fora feliz, mas seu legado sobrevive até hoje. O artista teve uma crise nervosa em 1908, quando morava em Berlim e por isso decidiu voltar para a Noruega, onde viveu os últimos 20 anos da sua vida em solidão.

“A Dança da Vida”, 1900

Ansiedade na Arte, Arte sem ansiedade

A arte com certeza se enquadra em uma das maneiras mais comuns de “desabafo” para aqueles que sofrem de problemas similares, e por mais divertido que seja abraçar um hobby artístico, existe sim uma explicação científica para se considerar atividades mais criativas.

Pintar se torna algo terapêutico ao permitir que a mente se concentre totalmente na imagem a se construir. Esse foco alivia o estresse e, por sua vez, relaxa o corpo. Há então a minimização de dores musculares, dores nas articulações, dores de cabeça e outras doenças físicas.

Já dentro do mundo da música, pesquisas mostram que o sangue flui mais facilmente quando há melodia. A música também pode reduzir a frequência cardíaca, diminuir a pressão arterial, diminuir os níveis de cortisol (hormônio do estresse) e aumentar os níveis de serotonina, dopamina e endorfina, hormônios que ajudam na elevação do humor.

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Um comentário em “Ansiedade no mundo da arte: Edvard Munch

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