Dentre tantos assuntos estudados pelas ciências e questionados pelos filósofos, dois são os mais pertinentes e os que menos têm respostas: qual o sentido da vida e o que acontece depois da morte?  “Procurar um significado é suicídio filosófico. Como alguém faz qualquer coisa quando entende a natureza fugaz da existência?”

Bem, apesar da frase um pouco pessimista ali de cima, tentaremos responder o segundo com base em nossos conhecimentos. Após sua passagem pela Terra, você acorda em um lugar silencioso, limpo, branco e com uma escrita na parede: Welcome! Everything is fine (em tradução livre: Bem vindo! Tudo está bem). 

Depois de ler isso, quaisquer sensações de angústia ou medo vão embora, afinal tudo está bem. Te resta esperar, mesmo você não sabendo o que. Segundos depois, uma porta se abre e te contam que você morreu, mas que felizmente, está no Bom Lugar. 

Mas isso acontece com todo mundo?, você se pergunta. Não. Só com os quatro humanos protagonistas da série The Good Place – desculpe por acabar com seus sonhos. 

Para os fãs de seriados, assim como nós aqui do 9noandar, seasons finale são sempre tristes. E claro, não poderia ser diferente com esse. The Good Place é tão inteligente e bem escrita que parece até irreal, quase dizemos que foi um surto coletivo. 

Atenção: se você quer assistir e ainda não o fez, te aconselho a fazer isso agora antes de continuar lendo esse texto. Pode conter spoilers e nós não queremos ser os responsáveis por você saber a verdade. Se você vai continuar a ler sem assistir…. bem, é por sua conta e risco. Só não vale dizer que não avisamos. 

Divulgação

A série aborda, basicamente, a vida após a morte. Mas não é só isso. Os quatro humanos protagonistas dessa série – Eleanor, Chidi, Tahani e Jason – foram levados ao Bom Lugar depois de morrerem. Pode-se dizer que eles foram para o céu. 

Isso aconteceu porque eram pessoas boas enquanto estavam vivos. Só que não. Eleanor era uma egoísta, não se importava com nada além dela mesma. Jason um DJ falido e, além disso, também ladrão. Tahani uma invejosa e egocêntrica, sempre fazendo de tudo para chamar a atenção. E por fim, Chidi, um indeciso professor de ética e filosofia moral – e nós sabemos que todos odeiam professores de filosofia moral. 

Além disso, o Bom Lugar não passava de uma experiência que os demônios do Mau Lugar – pode-se chamar de inferno – criaram. Por quê? Porque eles são ruins, ora bolas, e isso era divertido. O arquiteto da vizinhança, Michael, juntou os quatro para que eles torturassem uns aos outros por mil anos, mas claro, sem que eles soubessem. 

Mas aqui vem o plot twist. Eleanor sabia que não pertencia ao Bom Lugar – bem, ela sabe o que ela fez na Terra – e pediu ajuda de Chidi para que ela pudesse ser uma pessoa melhor. Sim, na vida após a morte ela resolveu melhorar. Ah, mas aí não tem mais o que fazer, você pensa. E é nesse momento que você se engana. 

Com as aulas de ética e moral que Chidi lecionava, aos poucos as manias egoístas de Eleanor foram mudando, até ela realmente começar a pensar sobre o coletivo. E não só ela participava das aulas. Os outros humanos também, e isso foi lhes ajudando a melhorar como um grupo, que acabou se fortalecendo e criando uma amizade e bons costumes para o bem-estar geral. 

No fim de tudo, Eleanor foi quem descobriu que ali não era o Bom Lugar. E vamos ser sinceros, dava para ter desconfiado desde os primeiros dias. Quem coloca tantas lojas de Frozen Yogurt numa vizinhança? E a joaninha gigante e os camarões voadores então? 

Michael reiniciou a vizinhança 801 vezes. Na versão 802, tudo muda novamente. Ao observar os humanos se ajudando, criando laços com os outros e sempre descobrindo os planos falidos, o arquiteto decide se juntar a eles, com a promessa de que os levaria para o Lugar Bom de verdade. E após muita relutância dos quatro, eles aceitam Micheal no Grupo das Baratas – cada nome…

Depois de muitas aulas de filosofia, ética, moral, dilemas do bonde e o que devemos uns aos outros, de Scalon, o grupo sabe que a passagem deles para o paraíso está comprada. Claro que não será fácil, mas com Michael junto, eles se tornam indestrutíveis e mostram como a amizade é importante. “Eu acho que escolhemos ser bons por causa de nossos vínculos com outras pessoas e do nosso desejo inato de tratá-las com dignidade. Resumindo: não estamos sozinhos nessa.”

Amizade, confiança, respeito e amor são as bases de relacionamentos. Laços que só se fortalecem durante todas as dificuldades. E com eles não foi diferente. Os humanos aprenderam que fazer parte de um grupo significa ter também responsabilidade social, as suas ações afetam o outro e a sociedade em geral, direta ou indiretamente. 

Para encurtar a história, eles evoluem como pessoas – mesmo após a morte – e resolvem todos os problemas do passado que ainda os assombravam como fantasmas. Assim, eles podem aproveitar sua vida no Bom Lugar, aquele real. Mas na verdade, a série é muito mais que isso. É muito mais que só falar sobre a pós-vida. 

As principais lições de moral têm a ver com o coletivo, de ajudar e ser ajudado, afinal, eles não conseguiriam fazer nada sozinhos. É sobre pensar no outro, no que está ao seu lado, falando figurativamente ou não. É a consciência de que a “união faz a força”. Um ajuda o próximo, que ajuda o próximo, que ajuda o próximo. É uma cadeia de auxílio. 

Além disso, cada episódio é uma aula de filosofia – eu sei, é chato, mas aprender enquanto se diverte é melhor. Quando você menos esperar, vai estar citando Kant por aí, usando a dinâmica do bonde para dar exemplos e questionando sua própria moral em certas situações. Obviamente sem esquecer das crises existenciais. “Todo dia o mundo fica mais complicado, e ser uma boa pessoa fica cada vez mais difícil”. 

Enfim, basicamente é sobre pensar não só em você, é sobre evoluir e aceitar as mudanças, que podem vir para melhor. É sobre também crescer e achar seu lugar no mundo, sentir aquele pertencimento. É sobre estar no bom lugar, mas não necessariamente o céu, e sim ao lado daqueles que você ama. 

Ah, e se você for assistir, vai achar muitas outras frases legais além dessas que eu citei aqui no texto.

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