Alguma vez na vida vamos nos deparar com algo que não temos conhecimento. Isso é um fato. Pode ser na infância, quando estamos descobrindo pequenas coisas, que naquela idade, já é um mundo todo. Pode ser na adolescência, ô fase de mudanças… E pode ser na vida adulta, por que não?
A verdade é que não importa QUANDO vamos ter que enfrentar o desconhecido, algo que você não entende. O importante é saber que isso VAI acontecer e que não precisamos ter medo. Eu sei, é fácil falar, o difícil é se preparar para o dia que isso ocorrer. Mas será que é tão difícil assim?
Em primeiro lugar, vamos entender o que a filosofia e a psicologia dizem sobre o medo:
O filósofo Martin Heidegger (1889 – 1976) aborda o medo como uma forma de viver intensamente, sem atribuir sentido às coisas, viver sempre na correria e de forma alienada.
Já o filósofo Michael de Montagne (1533 – 1592) escreveu em um de seus ensaios que “o medo é a coisa que mais tem medo no mundo”. Faz sentido, né? Às vezes, o medo não é aplicado a alguma coisa, e sim à ideia do que aquilo pode causar em você.
Segundo o psicólogo Mario Rodrigues, o medo é originado a partir de um histórico de situações que uma pessoa vivenciou.
“Isso fica registrado em seu subconsciente e algumas situações do dia-a-dia, se relacionadas ao fato, podem aflorar esse sentimento.”
E o medo está presente no desconhecido porque….
1) É algo novo, que faz você sair da sua zona de conforto;
2) E se deparar com algo que você nunca viu ou vivenciou antes te faz analisar os riscos, criando estratégias e expectativas, o que pode ( ou não) resultar neste medo.
A publicitária Bruna Pazuch, 23 anos, teve uma oportunidade de embarcar em um intercâmbio para a Polônia em 2018. Mesmo falando pouquíssimas palavras do idioma, ela pegou as malas, o passaporte e foi.
“Eu gosto de me preparar pras coisas. Então eu fico ensaiando cenas na minha mente, pensando nos cenários que podem acontecer. Eu não tinha nem um pouco de medo de me perder em um país totalmente desconhecido, de não conseguir me comunicar com as pessoas, de estar sozinha em um país que eu nem conhecia o idioma… Eu tinha medo de uma coisa abstrata: Tinha medo de falhar!”
Mario explica que as expectativas e o planejamento podem se transformar em uma vontade de vencer ao invés de medo. “A escolha pertence à pessoa, o que ela permite que seu pensamento armazene e como ela vai enfrentar o novo”.
Zona de conforto e medo do desconhecido, tem ligação?
A resposta é sim. Algo que desencadeia o medo do desconhecido é a realização de coisas novas. Não precisa ser algo grande como embarcar em um avião e mudar de país: pode ser um novo curso, uma mudança na sua carreira, o início de um namoro ou o projeto de escrever um livro. Não importa. Tudo o que te faça sair de sua zona de conforto pode – veja bem, não é uma certeza absoluta – te levar ao medo do desconhecido.
O medo pode vir porque você está saindo do meio em que está inserido, promovendo mudanças na sua vida que vão determinar os caminhos que está trilhando e com isso, te levando a um futuro incerto cheio de possibilidades. Então, não se preocupe em sentir um pouco de medo do desconhecido ao tentar algo diferente. É normal, principalmente nos dias de hoje.
Para o instrumentista industrial Alexandre Arnt, 23 anos, esse medo está relacionado às situações de vida das pessoas no mundo moderno.
“O fato de terem tudo ao seu alcance, conseguirem tudo de uma maneira fácil dá a sensação de que está tudo bem do jeito que está, e de que não precisam de mais. E aquelas que tentam pensar fora dessa zona de conforto acabam desanimando por ter de lidar com seus sentimentos ao experimentar algo novo”.
Por estarmos em uma zona de conforto, como por exemplo trabalhando em uma única coisa, frequentando os mesmos ambientes ou convivendo com as mesmas pessoas, nossa mente está preestabelecida a realizar apenas o necessário para satisfazer nossas vontades e organizar os pensamentos de acordo com o que temos a nossa volta – e o que temos que fazer. Isso nos mantêm parados no lugar, perdendo a chance de nos permitir a fazer coisas novas, como falar um outro idioma, aprender a dirigir, conversar com outras pessoas…

Mas quando colocamos nossa cabeça para pensar fora desse círculo do cotidiano, ela nos mostra que a mente humana é o princípio de tudo: da criação de situações, dos nossos sentimentos e da nossa conexão com o universo. TUDO começa e termina pela nossa mente. Ou seja, o medo que podemos ter é causado pela criação de mil e uma situações que envolvem o desconhecido e não do desconhecido em si, até porque é uma coisa abstrata que talvez vire realidade, talvez não.
Esse pensamento paira na nossa cabeça principalmente quando buscamos algo que queremos. Nós nos tornamos indefesos por não sabermos o que esperar, porém, querendo ou não, temos que entender que enfrentar esse medo faz parte do nosso crescimento. Para Bruna Alves, estudante de Arquitetura e Urbanismo, isso é essencial na vida.
“Sem correr riscos, nós ficamos estagnados. Quando entendemos isso, nos tornamos mais corajosos para sair da zona de conforto e ter novas experiências”.
Como já citamos, o medo e a mente andam em paralelo: a pessoa vai buscar situações parecidas em seu passado para poder se preparar para o futuro desconhecido que ela tem pela frente.
Infelizmente, ainda não há uma fórmula mágica de fazer esse medo do desconhecido desaparecer (ou o medo do que pode vir depois que você enfrentar o que não conhece). A única coisa que podemos fazer é buscar a coragem que temos dentro de nós e seguir em frente, colecionando experiências e bagagem de vida para termos mais ‘arquivos’ guardados em nossas mentes e assim, nos prepararmos para o que o futuro nos reserva sem medo. Tá, talvez só um pouquinho.
E lembre-se: O medo do desconhecido pode te fazer perder o rumo ou te fazer ficar no mesmo lugar, mas não deixe que ele te impeça de realizar o que quiser. O mundo está aí para explorarmos, se você não sair de sua zona de conforto, tudo se tornará o desconhecido para você!
Sites de apoio: UOL; O Pensador.
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