É um pássaro? É um avião? Não! É a esperança!
HERÓI
mitologia
filho de um deus ou uma deusa com um ser humano; semideus.
mortal divinizado após sua morte; semideus.
Aquiles, Hércules, Odisseu, Perseu.
O que esses quatro têm em comum, além de uma desesperada sede de aventura e 0 medo de morrer?
A mitologia grega, é claro.
Os primórdios da palavra herói, do latim heros (semideus, herói), precedem histórias fantásticas que colecionamos de nossos ancestrais – aqueles que outrora concebiam crenças em forças maiores que nenhum humano jamais possuíra. É compreensivo que haja uma forte inclinação em acreditar que apenas um ser com poder divino seja capaz de realizar feitos heroicos. Nada se espera da humanidade onde deuses são alvos de grandes expectativas.
Histórias imortais de personagens também imortais, como as Ilíadas de Homero, retratam homens ou mulheres de força, coragem ou habilidades especiais – às vezes os três de uma vez. Esses indivíduos eram frequentemente associados à pontuais ascendências divinas e conhecidos por atos de coragem sobre-humanos.
O que se pode extrair disso?
Que a raça humana por si só era considerada frágil demais para travar grandes batalhas e desfilar como heróis.
Grandes imperadores e soldados renomados da mesma época muitas vezes eram apontados como “aqueles que foram abençoados por X deus”, ou seja, encarregados de atos heroicos concebidos pelo poder divino. De qualquer forma, apoiar-se na mitologia e na religião continuava a ser uma forma de classificar o heroísmo como ascensão.
Digo com tranquilidade que esse pensamento persevera nos dias de hoje, apesar de demasiado diluto.
Por que gostamos tanto de heróis?
Se você não se encaixa na geração majoritária que cresceu (e cresce) assistindo filmes de super-heróis, sinto muito: você com certeza é um vilão. Brincadeiras à parte, vivemos em um mundo onde evitar histórias de personagens em quadrinhos é um baita de um trabalho árduo.
Eles estão por todo lugar: em filmes nas telonas de cinema, em seriados nas telinhas da televisão, em páginas de livros e quadrinhos e, mesmo sem querer, no nosso dia a dia como objetos de decoração. Hoje, mais do que nunca, a figura do indivíduo poderoso em uniforme colorido traz uma certa credibilidade de que ainda há esperança.
Aliás, mais do que nunca não. Isso também não é nada recente.
O primeiro super-herói publicado em uma tira de jornal se chamava The Phantom, O Fantasma. Em 1936, o escritor estadunidense Lee Falk decidiu que criaria um protagonista que desbravaria aventuras pelo bem maior com as próprias mãos.
“O Fantasma é originado do meu grande interesse em histórias de herói – os grandes mitos e lendas gregas, romanas, escandinavas… as canções de Roland, El Cid na Espanha, rei Arthur e outros.”
E a necessidade de trazer à toda uma nação um pouco de esperança em tempos conturbados. Nos anos 30, quase 20 anos depois da Primeira Guerra mundial, muitas novidades acerca do entretenimento borbulhavam em países como os Estados Unidos da América. Fica claro que, mesmo em tempos difíceis, as pessoas precisam se divertir.
Estadunidenses nas décadas de 1930 e 1940 adoravam conhecer novas formas de entretenimento, principalmente se elas viessem de maneira barata. Com a adição de som, os filmes se tornavam cada vez mais populares. Comédias, filmes de gângster e musicais ajudavam as pessoas a esquecerem seus problemas.
Mas isso não era o suficiente. Durante o ano de 1939, que foi quando a Segunda Guerra mundial afligiu, personagens como Batman, Namor e Tocha Humana foram criados junto à uma enorme gama de personagens uniformizados (ou pouco vestidos, como é o caso do príncipe submarino). Durante a Guerra, que durou até 1945, outros nomes famosos também surgiram, como foi o caso do Capitão América e da Mulher-Maravilha, ambos em 1941.
Um herói para cada situação
Esse era o começo da humanização do herói (que, tirando o Batman, seguia os padrões de poder semideus) e incentivo à população comum, já que muitos países precisavam que seus cidadãos vestissem fardas para lutar em nome da pátria.
Nada melhor do que ser estimulado a lutar de um jeito mais descontraído, não é mesmo?

A verdade nua e crua é que, apesar de muitas vezes fantasiosa, a ideia do herói nas histórias mitológicas e na ficção científica sempre trouxe um certo alento em tempos onde a crença em dias melhores ameaça se esvair. Como diz o título de uma matéria publicada pelo Washington Post, precisamos de heróis porque precisamos de algo bom.
Pesquisas recentes sugerem que heróis e ações heroicas podem evocar uma resposta emocional única que Jonathan Haidt, psicólogo e professor da New York University, chamou de elevação. O termo vem de Thomas Jefferson, que usou a expressão “elevação moral” para descrever o sentimento de euforia que se tem ao ler uma grande obra literária.
Não só buscamos nos apoiar em grandes feitos e boas notícias como também existe comprovação científica para a satisfação que sentimos ao, por exemplo, assistir a uma cena onde o mocinho derrota o vilão.
Nós podemos ser heróis
Graças a essas histórias em quadrinhos, a queda da ideologia onde herói é aquele que provém de um ser divino nos aproximou ainda mais de uma vertente ainda não explorada: a de que podemos ser super sem precisar da benção de Zeus.
Fictícios ou não, heróis usam o poder da transformação não apenas para melhorar a si mesmos, mas também para transformar o mundo. Na jornada clássica do herói, o protagonista recém-transformado eventualmente transforma a sociedade de maneiras significativas e positivas.
Não é a toa que as melhores pessoas se sentem incentivadas a fazer o bem depois de observá-lo sendo feito.
Em tempos como esse, onde o medo corrói alguns e a apatia destrói outros, acreditar no herói – a ponto de querer se tornar um – é mais do que essencial: é verdadeiramente divino.
Fonte de apoio: Psychology Today
E pra não perder o gancho, leia Made-Man! Ade pode estar dormindo, mas o trabalho de Made-Man mal começou. Link 1 | Link 2 (wattpad)