Esse ano foi o pior ano de todos.
Assim como ano passado e o ano antes dele.
Assim como ano que vem também será.

Na verdade, lembro-me bem de ouvir muitas reclamações sobre 2016 também. Que ano horroroso. Terrível em todos os sentidos. Mal me recordo do que o fez merecer esse título, mas vivo as lembranças do ódio de toda uma população em redes sociais e afins, afinal, eu estava entre eles. Reclamei também.

Só que NADA se compara a 2020, né? O sofrimento mundial trazido por um contágio inesperado não só abalou nossa economia como nosso estilo de vida de forma indireta – até que, no fim de Março, percebemos que estávamos mais envolvidos do que pensávamos.

E olha que nem saímos de Março ainda.
Não vivemos Abril, Maio, Junho, Julho.
Não vivemos o inverno.
Não viveremos o verão.

Pelo menos não do jeito que estamos acostumados, a não ser que você não ligue muito para o seu bem estar e dos outros ao seu redor. O que seria uma pena, pois ninguém gostaria de conviver com um assassino em potencial.

O vírus mata: somos mosquitos da dengue transmitindo caos sem sequer precisar picar ninguém; basta convidar para uma festa ou um passeio no bar lotado.

Casos confirmados:
7.213.155
Óbitos confirmados:
186.356

Via Covid.Saude.Gov.Br

Aí olhamos para o ano e o julgamos péssimo porque ele nos impede de viver a vida como deveríamos. Sabe? Como vivemos no ano passado e no ano antes dele. Como esperamos viver de novo ano que vem.

Como o pudemos fazer em 2016, curtindo eventos cheios e trocando beijos com desconhecidos porque máscara era coisa de cirurgião e vírus era coisa de computador.

Mas é de praxe que nós, seres humanos errantes, olhemos para o céu nublado e ignoremos o sol que brilha por entre nuvens. Experiências ruins falam mais alto do que momentos bons por desapontarem mais facilmente. Somos suscetíveis à dor da frustração ao ter nossas expectativas obliteradas pelo inesperado ocasional.

Até porque ser feliz só é válido se assim formos todo santo dia.

Seja feliz por esse momento. Esse momento é a sua vida.

Omar Khayyam

Sinto até vergonha em dizer que foi preciso um desastre em escala global para me fazer chegar a seguinte conclusão:

Esse ano percebi que 2019 foi bom e 2018 foi o melhor ano da minha vida. Descobri coisas novas que pretendo levar para o resto dos meus dias enquanto me pergunto como pude viver sem elas durante todos esses anos.

Descobri também que nem todo mundo conhece os efeitos da empatia, mas quem conhece faz bom uso.
Senti falta de coisas que banalizei a vida toda ao vê-las caindo em desuso.
Defini como saudades tudo aquilo que perdemos e queremos de volta em um instante.
Entendi que o lado bom da vida está nos pequenos momentos de esperança.
Perdi a esperança e a reencontrei em hábitos antigos. Voltei a ser criança.

E sigo me deparando com a mesma frase clichê de todo fim de ano:

Esse foi o pior ano de todos.
Espera até ver ano que vem.

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