“Fica instituído o Dia da Amazônia, a ser comemorado
anualmente em todo o território nacional no dia 5 de Setembro.”
Aqueles que acompanham a novela Nos Tempos do Imperador, apresentada de segunda a sábado às 18h na Rede Globo, certamente estão mais familiarizados.
Se houve uma cena onde Dom Pedro II estabeleceu um dia em homenagem à Província do Amazona eu não sei, mas que isso aconteceu em 1850, aconteceu.
Considerado um dos biomas mais ricos de todo o planeta, a floresta Amazônica surpreende no número de espécies tanto na flora quanto na fauna.
São mais de 14 mil espécies de plantas com sementes e 40 mil espécies de plantas no geral.
Segundo o ISPN (Instituto Sociedade, População e Natureza), apesar do bioma se estender por vários países, no Brasil, são ao menos 311 tipos de mamíferos, 1.300 tipos de aves, 273 répteis, 232 anfíbios e 1800 peixes continentais.
Em outras palavras, a Amazônia é tão completa que abriga mais de 73% das espécies de mamíferos e 80% das aves presentes no território nacional.
Isso sem falar nos insetos, né? Incluindo aracnídeos e crustáceos, a estimativa ultrapassa as 2,5 milhões de espécies.

Floresta de cultura
Curupira, Piracuru, Guaraná, Vitoria Régia. Do guardião de pés virados a belas indígenas apaixonadas pela lua, a floresta Amazônica também é o lar de muitas lendas que permanecem vivas por gerações a fio.
“O mito se liga às sociedades tradicionais ou primitivas; no caso da Amazônia, às tribos indígenas. O mito é a religião, o conjunto de leis, a organização social – tudo, enfim, das diversas etnias que se espalhavam na floresta.”
Marcos Frederico Aleixo, professor de Literatura Brasileira e Literatura Pan-Amazônica na Universidade do Estado do Amazonas (UEA) em entrevista para o Gshow.
Tucupi, farinha, castanha, açaí. Peixes de água doce, plantas e sementes de sabores variados. Um banquete de verdade, perceba você.
Outrora subestimado por grande parte da cozinha comercial, a culinária nortenha vem ganhando bastante espaço. Sorte a nossa: chefes consagrados vêm desafiando seus próprios preconceitos a favor da diversidade gastronômica.
Quem diria que o açaí, fruto de origem 100% amazônica, hoje fosse praticamente um alimento digno de vitrine nacional?
Extremamente merecido, é claro, pois de textura agradável e sabor excepcional, a polpa do açaí, parte da fruta que é devorada em tijelas bem decoradas, conquistou o país inteiro e o mundo em uma tacada só.
Seja de âmbito folclórico, gastronômico ou linguístico, a cultura amazônica é uma mescla entre as culturas indígena, europeia e africana, que juntas formam uma característica única responsável por enriquecer ainda mais a identidade da região.
“É uma cultura de fisionomia própria, com predomínio de elementos indígenas, mesclado a caracteres negros e europeus e cujo ator principal é o caboclo, resultante da miscigenação do índio com o branco, e cuja força cultural tem origem na forma de articulação com a natureza.”
Anderson Luiz Cardoso Rodrigues (UFPR)

Floresta dona de si
Outro ponto que também possui enorme influência sobre a afluência do território florestal é sua expansão internacional.
A floresta Amazônica toca 8 países além do Brasil. São eles:
- Bolívia
- Colômbia
- Equador
- Guiana Francesa
- Guiana Inglesa
- Peru
- Suriname
- Venezuela
São 7 milhões de quilômetros quadrados ao todo, ou seja, o espaço equivalente a 1,9 mil campos de futebol.
De acordo com o estudo da Confederação Brasileira de Futebol, 789 estádios estão cadastrados no Brasil.
Não que isso já não fosse óbvio, mas existe mais espaço na Amazônia do que estádios de futebol no Brasil. Quase três vezes mais.
Dos 9 países tocados pelo rico solo florestal, nosso país toma 79% dessa extensão territorial para si.
Ou melhor, a Amazônia nos toma para ela.
Como bem colocado pelo site Amazonas Atual, a Amazônia corresponde a 60% do território brasileiro. Esse número expressivo deveria levar à conclusão de que não é a Amazônia que pertence ao Brasil, mas sim o Brasil que pertence à ela.
Agora, sabendo de toda essa riqueza, toda essa ternura e toda essa potência… por que ainda a tratamos tão mal?
Floresta em chamas
Dados divulgados pelo sistema de monitoramento do INPE mostram que, em agosto de 2021, foram registrados 28.060 focos de calor na Amazônia.
É o terceiro maior índice para as queimadas registradas no mesmo mês desde 2010, perdendo apenas para 2019 e 2020.
378 focos de calor foram registrados em Unidades de Conservação no bioma Amazônia, sendo a Área de Proteção Triunfo do Xingu (APA) a mais atingida, com 1.424 focos.
Também foram registrados 1.425 focos de calor em Terras Indígenas (TI) no mês, sendo a TI Apyterewa a mais afetada, com 152 focos detectados em agosto.
Em 2019, o desmatamento foi responsável por 44% das emissões de gases do efeito estufa.
Via Greenpeace.

- Veja a reportagem completa no site oficial do Greenpeace.
- Saiba mais sobre a mobilização indígena contra a violência.
- Assine o abaixo-assinado Todos Pela Amazônia.
Dados do INPE ainda informaram que o desmatamento da Amazônia no ano de 2020 destruiu mais de 10 mil km² da nossa amada floresta.
O cálculo completo de agosto de 2020 a julho de 2021 resultou em uma área de 8.712 Km² perdidos.
O drama não acaba por aí. Um levantamento inédito feito pela Rede Simex confirma que, em 12 meses, a Amazônia perdeu 4,64 mil km² de madeira, o equivalente a quase três vezes o tamanho da cidade de São Paulo, a maior capital do país.
6% do território explorado para exploração de madeira ocorreu em unidades de conservação. 5% em terras indígenas, locais onda a atividade é ilegal.
Pela primeira vez na História, floresta passou a emitir mais CO2 do que absorver, acelerando o aquecimento global.
G1
Feridas abertas
Em janeiro de 2021, o blog 9noandar fez uma matéria especial que cobria grande parte das informações sobre a queimadas e desmatamento que ocorreram durante o ano de 2020.
Hoje, 5 de setembro de 2021, Dia da Amazônia, repetimos o assunto com novos recordes batidos. Nenhum digno de celebração.
2 comentários em “Dia da Amazônia: Floresta de feridas abertas”