O primeiro ano de pandemia (lê-se ano passado, 2020) trouxe diversos desafios para o mundo. Todas as pessoas tiveram que se adaptar, assim como os setores da saúde, imobiliário, varejo…e o setor da moda.
Este mercado já acostumado com transformações, viu a pandemia como uma forma de reinvenção. E com isso, muitas lojas e brechós entraram na tendência de vendas online. Enquanto as grandes lojas tiveram a redução no faturamento, os brechós não foram enfraquecidos durante a Covid-19. Ao invés disso, o período de isolamento ajudou a impulsionar as revendas de roupas.

Segundo o estudo realizado pelo Relatório de Inteligência e Sustentabilidade do Sebrae, esse setor já vinha em uma ampliação desde o início da década, com um crescimento de 210% nas vendas de roupas, calçados e acessórios entre os anos de 2010 e 2015.

A maior parte desse segmento é formado por jovens da Geração Z, tanto pelo lado comprador quanto, e até mais, pelo lado empreendedor. Entre as razões que levam os jovens a se interessarem mais por esse setor na hora de comprar suas roupas é a busca por peças seminovas, preços mais acessíveis e a preocupação com o meio ambiente.

Já os motivos que levam os jovens a venderem suas peças são inúmeros, desde abrir mais espaço no armário a vontade e necessidade de ter o próprio dinheiro e criar certa independência financeira. Em muitos casos, esses jovens ainda não podem ter um emprego com carteira assinada.
Essas razões levaram a estudante Iris Lemos, 22 anos, a criar o Gemini Brechó ainda na adolescência junto com sua irmã, Mirella Lemos.

“Quando eu tinha 16 anos, eu e minha irmã gêmea não podíamos trabalhar, além de estudarmos em uma escola integral. A gente queria ter o nosso próprio dinheiro e então veio a ideia. Na época, a minha irmã ganhava algumas coisas por permuta e nisso, juntamos o útil ao agradável, nos desapegando de coisas que não usávamos muito e algumas peças que ela ganhava”.

As meninas começaram a vender as roupas na escola, mas com o tempo, o negócio foi crescendo e hoje está expandido para o Brasil inteiro. Com a pandemia, Iris teve tempo para adaptar algumas coisas no empreendimento, além de redobrar a atenção com a higiene. E assim, conseguiu crescer ainda mais durante o período.

“Adaptamos as entregas na portaria dos clientes, demos uma extensão de prazo no pagamento e mais atualizações de peças. O crescimento veio junto com o trabalho, quando a gente foca, conseguimos vender bem, o brechó é leve e toda parte financeira, criativa e de produção é autoral. Com mais tempo para criar conseguimos aperfeiçoar muita coisa”.

Isso mostra na prática os dados de crescimento nas vendas de brechós apontados no Relatório de Revenda da Thred Up. Segundo o estudo, o mercado de segunda mão deve atingir US $ 64 bilhões nos próximos 5 anos. Além disso, o documento mostra que a revenda deve ultrapassar o segmento tradicional de economia e doação até 2024. A pandemia e a crise econômica que o mundo está passando pode ser um dos motivos que levaram ao aceleramento nas vendas dentro deste segmento.

Foto: Priscilla Du Preez/ Unplash

Moda sustentável

Outra razão do boom de brechós é a mudança nas necessidades dos consumidores e a procura por uma moda mais sustentável. A Geração Z (a maioria que busca por peças em brechós) prioriza a compra sustentável e se orgulha por fazer essa escolha. Segundo o relatório da Thred Up, cerca de 73% das pessoas planejam apoiar marcas que contribuíram positivamente durante a Covid-19.

Para Iris Lemos, os brechós que utilizam a moda sustentável são o futuro da moda, já que o consumidor está mais informado sobre métodos desumanos usados por algumas marcas grandes de departamento e assim, ele busca uma alternativa barata, única e sem crueldade.

Desde o início do Brechó Gemini, Iris vêm trabalhado com a sustentabilidade. “Eu trabalho em tudo. Desde as embalagens até a hora de entrega. A arte do garimpo por si só também é um comportamento sustentável, além disso, reformulamos e damos uma nova cara a peças que passariam batido, com a arte do Rework”.

O futuro da moda está nas peças de brechós. Isso é um fato. Cerca de 52% dos consumidores pretendem gastar mais dinheiro em peças de segunda mão do que nas grandes empresas ou fast-fashions. Nos próximos 10 anos, o guarda-roupa estará com 17% de peças compradas em brechós, segundo o estudo da Thred Up.

Ainda não está convencido a comprar e vender com mais consciência? Dê uma olhada em mais algumas informações:
Os investidores estão de olho em marcas que promovem a sustentabilidade. Até 2025, 50% das empresas irão investir em negócios que trabalham por um mundo melhor. Além disso, falando em sustentabilidade, falamos em um planeta melhor.

A revenda de peças (sejam em brechós ou sites) ajuda a resolver a crise de resíduos no setor da moda. A moda é uma das indústrias mais poluentes do mundo, não trabalhadas na forma sustentável, ela está esgotando todos os recursos naturais.

Vender uma peça já utilizada é a forma mais ecológica de se livrar de roupas indesejadas. E com isso, ainda ajuda a reduzir o impacto de CO2 em 79%.

Vou terminar este texto com cinco marcas de brechós brasileiros – que estão trabalhando de forma online – para você começar a se interessar pelo assunto:

*Fonte de apoio: Thred Up

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